Viagem de férias, material escolar, impostos e itens de supermercado são só alguns dos gastos que as famílias brasileiras acumulam no início do ano. Você que já desembolsou dinheiro para os presentes de Natal, e agora se prepara para mais essas dívidas, notou alguma diferença nos preços? Os valores diminuíram ou aumentaram em relação ao mesmo período no ano passado?
Essas variações constantes nos preços dos produtos e serviços oferecidos aos brasileiros, que afetam diretamente o seu bolso, estão interligados com a taxa de inflação do país. De forma simples, inflação é o termo da economia dado ao aumento dos valores de determinado conjunto de produtos e serviços durante um certo período de tempo. Quando controlada, ela sinaliza a ‘saúde’ da economia do país, que está crescendo e se movimentando de forma equilibrada.
A consequência mais conhecida, e sentida, pela população é justamente a diminuição do seu poder de compra. Isso porque o preço dos bens de consumo sobe e, quase sempre, a remuneração dos trabalhadores não acompanha esse crescimento. Dependendo do poder aquisitivo das pessoas e dos produtos e serviços que elas consomem, a inflação pode até não ser tão impactante no seu dia a dia, mas seus efeitos são percebidos por muitos, principalmente para quem tem renda mais baixa.
Quais os motivos das altas inflacionárias no Brasil?
Historicamente, o Brasil passou por um período de inflação descontrolada na década de 80, ultrapassando 1.900% em 1989, e chegando a 2.400% nos anos 1990. Nessa época, os preços dos produtos dos supermercados, por exemplo, subiam diversas vezes no dia, o que levava as pessoas a comprarem estoques maiores com medo de novas altas. Não ironicamente, esse aumento de demanda também impactava em um novo aumento da inflação.
Dentre os motivos que podem ocasionar o aumento inflacionário, estão:
Disparidade entre oferta e procura
Todos já vivenciaram em algum momento a chamada ‘lei da oferta e demanda’, ou seja, se muitas pessoas começam a procurar o mesmo produto e sua oferta continua a mesma, o valor desse produto infla, tende a subir. O contrário também acontece, quando a oferta é muito grande comparada aos interessados, o preço cobrado ao consumidor diminui, almejando a concretização da transação. No supermercado, é muito comum essa situação no aumento de custo em produtos sazonais.
Custos de produção
O aumento da inflação também acontece quando o custo de produção das indústrias fica mais caro. Havendo o aumento da matéria-prima, combustível, energia elétrica, etc., a empresa passa a gastar mais para fabricar seus produtos e, para não sair no prejuízo, repassa esse valor aos consumidores finais. Caso não faça esse repasse, e prefira diminuir sua produção para não exceder seus gastos, o empresário pode ocasionar uma inflação por demanda, ao diminuir a quantidade do produto disponível no mercado.
Inércia
A inflação por inércia acontece quando as pessoas agem já temendo-a no futuro. Nesse cenário, a indústria se adianta e aumenta seus preços, assim como os trabalhadores solicitam aumento de salário buscando evitar perder o seu poder de compra.
Gastos públicos
A atuação do Governo também pode influenciar no aumento da inflação. Isso ocorre quando ele acaba gastando mais do que arrecada, o que o leva a ‘imprimir’ mais dinheiro para pagar as contas. Esse aumento do volume de dinheiro em circulação, maior do que a oferta de bens e serviços à venda, faz com que os preços aumentem para os consumidores, sem estes terem elevado seus ganhos.
Como é feito o cálculo que define o índice de inflação?
Atualmente, a inflação acumulada no Brasil está em 4,68%, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística no último dia 12 de dezembro de 2023. Mesmo apresentando uma alta, a taxa continua abaixo do teto para o ano definido pelo Conselho Monetário Nacional, sendo considerada formalmente cumprida por oscilar entre 1,75% e 4,75%.
O cálculo para definir a taxa de inflação é feito a partir da média dos aumentos de diversos produtos, considerando índices diferentes. No Brasil, o principal índice utilizado para medir a inflação é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Abrangendo 90% da população, ele é calculado pelo IBGE todos os meses, considerando produtos e serviços do varejo consumidos por famílias que recebem de 1 a 40 salários mínimos.
Dessa forma, os pesquisadores do Instituto entrevistam as famílias para saber os itens mais consumidos em habitação, vestuário, etc. Depois, realizam o cálculo da inflação traçando uma média das variações dos preços em determinado período.
O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) é outro dos índices que ajudam a medir a inflação em diferentes setores do comércio de bens e serviços, nesse caso, avaliando o consumo das famílias com renda mensal entre 1 e 5 salários mínimos.
Como proteger seu dinheiro do aumento da inflação?
Ficou claro que perder o poder de compra é um dos principais malefícios do aumento da inflação. Uma forma de não ter o seu dinheiro desvalorizado nesse cenário é fazer investimentos atrelados à inflação, como o Tesouro Direto IPCA+. O título de renda fixa do Governo Federal é vinculado ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo e, dessa forma, seus títulos rendem conforme a variação da inflação mais uma taxa prefixada de juros.
Os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) são boas pedidas de investimento em tempos de alta inflacionária, uma vez que podem possuir rentabilidade pós-fixada ou indexada à inflação, com os ganhos subindo quando a inflação sobe. Isentas de imposto de renda, as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) também podem ajudar você a não perder dinheiro devido à inflação, desde que tenham sua rentabilidade associada ao CDI e IPCA.