Em reunião no dia 20 de setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu pelo corte da taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, o que levou a Taxa Selic a 12,75% ao ano. A expectativa do mercado financeiro é que ela sofra novos cortes até dezembro e, em 2024, chegue a 9% ao ano. Mas você sabe de que forma isso influencia seus investimentos em renda fixa?
Primeiramente, é preciso entender que a Selic afeta a economia brasileira de duas formas: sua queda faz com que os empréstimos fiquem mais baratos, mas, ao mesmo tempo, diminui a rentabilidade das aplicações de renda fixa, especialmente aquelas atreladas à Selic ou ao CDI – taxa de juros do sistema bancário que costuma ser próxima à Selic.
Muitos desses títulos, vinculados à Selic do Tesouro Direito e outros, são os favoritos dos investidores mais conservadores, agora apreensivos sem saber onde investir.
Entenda quais são os tipos de remuneração de renda fixa
Garantindo que não é o momento de abandonar a renda fixa, que ainda está com ganhos na casa dos dois dígitos, experts explicam que, para o momento, os títulos prefixados são os mais indicados, tomando o lugar dos pós-fixados. Nesse contexto, os tipos de remuneração de renda fixa são:
- Títulos prefixados: Como o próprio nome já diz, os títulos prefixados têm uma taxa de rendimento fixa, que se mantém até o vencimento da aplicação. A recomendação é investir nesses títulos quando os juros do país começam a cair, garantindo um bom rendimento antes que diminuam ainda mais. Considerando o ciclo econômico, a indicação é um investimento de médio prazo, com vencimento em dois anos, por exemplo.
- Pós-fixados: esses títulos têm seus rendimentos atrelados a um indexador, geralmente à Selic ou ao CDI. Por isso, só é possível saber quanto você irá ganhar no seu vencimento. Muito indicados nos últimos tempos pela alta taxa de juros, agora eles darão ganhos menores e deixam de ser a melhor opção de renda fixa.
Há ainda aqueles títulos que são atrelados à inflação, como é o caso do IPCA+ do Tesouro Direto. Com uma parcela do rendimento pós e outra prefixada, garantem que a sua aplicação irá render mais do que a inflação e seguem sendo indicados para aplicações de médio a longo prazo.
Onde investir em renda fixa com a taxa Selic em 12,75%?
Neste momento, o entendimento de especialistas do mercado financeiro é que os investimentos de renda fixa com maior ganho líquido são as LCIs, LCAs e as Debêntures Incentivadas prefixadas em 97% do CDI. Todos isentos de impostos de renda, eles ganham vantagem em comparação aos títulos do Tesouro Direto ou CDBs.
Saiba mais sobre cada um deles:
LCI (Letra de Crédito Imobiliário)
A LCI, ou Letra de Crédito Imobiliário, é um título de renda fixa que visa financiar o segmento imobiliário. Emitida por instituições financeiras asseguradas pelo Fundo Garantidor de Crédito, garantem ao investidor confiabilidade no retorno do seu investimento. Na prática, funciona como um empréstimo em que você compra uma ‘dívida’ e recebe seu valor acrescido de juros.
LCA (Letra de Crédito do Agronegócio)
Com isenção fiscal e assegurada pelo FGC, a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) é muito parecida com o LCI. A diferença é o setor em que os seus recursos são investidos. Nesse caso, o seu dinheiro é usado principalmente para os empréstimos que as instituições financeiras concedem aos produtores rurais.
Debêntures Incentivadas
Semelhante às debêntures comuns, as Debêntures Incentivadas são títulos de dívidas públicas emitidos por empresas. Mas, nesse caso, os recursos captados são utilizados apenas em projetos de infraestrutura, como estradas, aeroportos, etc. Dessa forma, são livres de impostos e têm seu rendimento atrelado a uma taxa de juros prefixada mais a variação do índice de inflação IPCA.
CDB (Certificado de Depósito Bancário)
Quem investir nos Certificados de Depósitos Bancários empresta seu dinheiro às instituições financeiras, para estas financiarem suas atividades de crédito, sendo assegurados também pelo Fundo Garantidor de Crédito. Disponíveis em várias modalidades de remuneração, o preferível agora são os CDBs com rendimentos prefixados.
Tesouro Direto
Iniciativa do Governo Federal, o Tesouro Direto permite a compra de títulos públicos. Desconsiderando para o momento os títulos com rendimento atrelado à taxa Selic, o prefixado de três anos, com vencimento para 2026, é uma boa opção ao oferecer atualmente uma remuneração anual na faixa dos 10%.
O Tesouro IPCA+ é outra alternativa. Com rendimento atual prefixado na média de 5,5%, ele ainda protege seu dinheiro da desvalorização causada pela inflação, sendo recomendado para estratégias de longo prazo.
Pós-fixados seguem indicados para reserva de emergência
Ainda que o cenário atual seja de queda da taxa de juros, os investimentos de renda fixa pós-fixados não devem ser descartados. Segundo especialistas, ativos pós-fixados indexados à Selic ou ao CDI seguem sendo indicados para reservas de emergência.
Isso porque, primeiramente, possuem liquidez, ou seja, possibilidade de resgate diário, essencial para uma reserva destinada a imprevistos. Além disso, esse tipo de investimento oferece baixo risco e baixa volatilidade. Dessa forma, mesmo não havendo ganhos substanciais, perdas são evitadas, e ainda oferecem rendimento maior do que a poupança.
Com todas essas informações em mãos, agora você precisa primeiro identificar seus objetivos com cada investimento, assim como seu estilo de investidor. Todos aqueles investidores conservadores, que preferem a renda fixa pelo baixo risco, podem apostar nos prefixados nos seus investimentos de curto e médio prazo, sem esquecer do IPCA para estratégicas a longo prazo.